elas sempre tiveram um aspecto ridículo
e nunca me preocupei
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxem melhorar a situação delas
minhas mãos é que precisariam de cuidados
pra se ter um conjunto de unhas bonitas
antes
as mãos precisam de beleza
delicadeza
...
tanto veneno nas veias pra saturar
tantos músculos pra descontrair
as pupilas
xxxxxxxxxxdiminuir
a felicidade sintética
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxesgotar
a porrada do silencio ser decisiva
e a louça suja do antigo poema pra se lavar
mas não
procurei um esmalte no espelho do banheiro
fora da validade
xxxxxxxxxxxxxxxxobvio
-liláz?
cor assim, tão... sei lá
e pintei os dez quadradinhos de queratina fraca
combinou com o anel de prata meio corroído
pareço até uma punk adolescente
acho que foi uma
tentativa imbecil de provar a transitoriedade
e a transitoriedade do imbecil
logo eu
que sonho com a história
e os mitos
e um próximo...
preciso ouvir um solo clássico do rock
ler mais Nietzsche
comer mais doces
enfiar meus pés num balde de guache
é
xxxxisso
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
terça-feira, 24 de agosto de 2010
o chão de uma cozinha, eu, dermatobia hominis e o apego
cada movimento
só
é de extremo esforço
como daquele verme
gordo
no piso
frio
eu não entendo
mas como não entendo
só o tempo mesmo
e a falta
e a louça
fétida
na pia
só
é de extremo esforço
como daquele verme
gordo
no piso
frio
eu não entendo
mas como não entendo
só o tempo mesmo
e a falta
e a louça
fétida
na pia
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
A Humana - Cadê meu satélite?
O Deus - Satélite?
A Humana - É... acho que eu tinha um.
O Deus - Huum... satélites te tiram a surpresa.
A Humana - Surpresa?
O Deus - Sim, todas elas.
A Humana - Por quê?
O Deus - Porque eles vêem tudo. Prevêem. (Gargalhadas de sabedoria e superioridade).
A Humana - É melhor andar sem satélites?
O Deus - Sim, só com a roupa do corpo. E com um ar de estranho.
A Humana - Você não tem um, então?
O Deus - Não.
A Humana - Entendi... Espero que não mesmo. Depois que você o tem, não se quer mais sem ele.
Porque depois que você o tem, é como uma esperança. Eu podia ser um pouco de satélite também.
Quando você dorme e sonha, ele te ilumina, tanto, que a pele vira pérola.
De dia não aparece, tá do outro lado, pela região da nuca. Sussurra um encontro noturno ou ritual, como quiser. Posso lembrar-me do hálito gelado, aqueles lábios pálidos do frio cósmico, leve rosado, como o falo e o cu.
Quando a escuridão azul se aproxima, ele está lá, iluminado, com aquele ar de estranho, só com a roupa do corpo, te chamando, pra reger, algum planeta sozinho.
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